sábado, 29 de agosto de 2009

Entre mágicas e abóboras


Sábado de noite, calor, prenúncio da chegada da primavera, do desabrochar das flores. Não há vento, e só um sutil movimento das árvores me faz lembrar que o tempo segue teimando. Entre sair e ficar no sofá, ligo a televisão, passando canais. Em meio a uma imagem e outra surge um filme começando. A curiosidade e o tédio me fazem assisti-lo. É um água com açucar sobre uma menina que tinha 13 anos e, de repente, se vê com 30, descobrindo ter se tornado uma pessoa desprezível. Após idas e vindas, dramas e emoções, tudo acaba bem, o mocinho casa com a mocinha, no melhor estilo conto de fadas holywoodiano. Desligo a tevê, levanto do sofá e vou tomar um banho. Uma sensação diferente e inesperada me acompanha. Nunca me atraí por coisas óbvias, mas há algo mágico na inocência daquele filme, um resgate da pureza, um convite ao sonho, uma lembrança sobre a necessidade de não levar tão a sério a vida, nem a morte. Por trás da aparente simplicidade, há uma mensagem que toca minha alma, uma profunda reflexão em tom de perplexidade. É triste perceber como até a diversão por vezes adquire um caráter de seriedade. O mesmo ímpeto que nos torna pessoas responsáveis, maduras e trabalhadoras mata o deslumbramento sufocado, dissolvendo o ar da graça. Mesmo de pijama no sofá da sala, queremos obras inteligentes, que pulsem, que transformem, que sejam eternas e grandiosas, bem dirigidas e geniais. Sempre fui admirador assumido da alta cultura, do refinamento, do underground, da criatividade, da cria-atividade, e ao mesmo tempo me tornei crítico de tudo aquilo que não se encaixava no meu padrão, rejeitando com veemência a mesmice vestida de pop. Convenhamos, é preciso reaprender a relaxar e rir de si mesmo. Deixar de ser tão sério, soltar os ombros, ser criança, ganhar leveza, perder tempo. Nem tudo precisa ser único, e nem por isso nada deixa de ser único. Enquanto preparo a janta me sinto feliz e contraditório. Em mim, anos de seriedade intelectual duelam contra a beleza inocente de um filme romantico. Que ambos aprendam a conviver harmoniosamente!

Moral da história: não rejeite as coisas pela aparência, a magia pode estar fantasiada de abóbora.



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O constante movimento



A única verdadeira constante é o movimento

Ninguém está realmente parado

Mesmo sentado, a terra segue girando
e quando dormimos, acordamos sonhando

Não adianta querer controlar
Tudo está sempre no seu exato lugar
Desista de lutar, comece a acreditar

Jogue-se nas águas dos rios da vida
Que levam ao mar das infinitas possibilidades
Aproveite a jornada, o vento no rosto, o sol

...permita-se descobrir como é simples ser feliz



terça-feira, 18 de agosto de 2009

Encontros musicais














Cada encontro é um ensaio

Cada frase, uma seqüência de notas

Há um ritmo em cada conversa

Na cadência das palavras

Na pausa do compasso

No olhar, no tom, no sorriso, no som

Afinidade e afinação

Melodia de acordes harmônicos

Dando sonoridade á arte da compreensão

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Saudades da eternidade


No céu escuro e estrelado da noite fria
Escondem-se segredos distantes
Histórias de outros tempos
Memórias confusas do passado

Enquanto sonho acordado
Meu olhar se funde ao vôo da águia
No mergulho aéreo do espírito
Que anseia pelo retorno ao lar

Em meu peito um sentimento flui
Saudades de quem já fui
Na imensidão deste universo sem fim