O homem continua em seu caminho
Buscando algo que ficou para trás
Perdido na decisão inconsciente
De ser somente mais um
Vivendo uma vida qualquer
Trabalhando, respirando
Consumindo e se consumindo
Meses, anos, semanas
O tempo que passa
O tempo que inventamos
Continua sempre a correr
E lá está o homem atrás da máquina
Escondido, sem rosto, sem perspectiva
Mas ele aprendeu a conviver com a chama
Esse fogo que queima em seu peito
Essa dúvida que lhe consome as entranhas
Em uma silenciosa e cansativa decadência
A qual ele se submeteu, fingindo não ter opção
Pobre daquele que tem olhos e não vê
Ou daquele que tem ouvidos e não ouve
Pois são imensos os tesouros da fala
E enormes as riquezas da contemplação
Todo ser é uma obra em construção
Um Deus em processo
Um infinito menos um
As vezes é preciso mover montanhas
Subir penhascos, descer riachos
Cruzar países, atravessar oceanos
Para acabar descobrindo que a grande busca
Começa e termina no mesmo lugar:
Dentro de si mesmo
"A verdadeira profissão do homem é encontrar seu caminho para si mesmo"
Sidarta de Hermann Hesse