quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

...basta sentir


A vida só se mostra para quem se deixa levar
Flutuando no mar etéreo da existência
Resistir é cegar os olhos da eternidade
Controlar, uma espécie de doença
É tudo tão fácil... é só não tentar

Pare agora mesmo de lutar!

Está tudo aí...

.... basta sentir!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Elemento Água

Em cada um dos quatro elementos da natureza
Está respresentado um dos quatro arquétipos fundamentais
Trazendo lições importantes sobre nossa constituição


ÁGUA

Elemento água... fluidez.. fluir...
a sabedoria de contornar os obstáculos da vida
sutil e flexível como o curso do rio
que corre em direção ao mar desviando das pedras

Elemento água... limpeza..
representante do mundo das emoções
lágrimas que aliviam a alma
chuva que lava o mundo profundo do inconsciente
e que se desfaz do que não tem mais espaço

Elemento água...
ensina-me a aceitar o que vier sem resistência
acreditando no sábio fluxo da existência




agradeça as águas da chuva e banhe-se no mar ou no rio
tudo faz parte do mesmo holograma



a consistente descontinuidade

Com sono, encostado na cadeira, me ponho a divagar com a mente errante. Meus pensamentos passeiam no ar pesado da noite sem vento à espera da chuva que se aproxima. Alguns raios e trovões rasgam o tom laranja escuro do céu de novembro. Em mim, o silêncio. A consistência. Tudo são possibilidades construídas através de escolhas. É sempre mais fácil saber para onde ir quando se ouve a voz do coração.... bom, mas o que sei eu sobre a vida? Não mais do que é possível saber... os mecanismos básicos de funcionamento... a observação de alguns padrões... um pouco de conhecimento e, sobretudo, uma profunda admiração pelo mistério que constitui a maior parte do que fomos, somos e seremos...e seremos serenos se aceitarmos nossa absoluta insignificância frente ao todo... do 8 nasce a representação do infinito... somos apenas mais um fio na intrincada teia da imensidão... uma inusitada mistura de humano com deus... e aqui, nesse panorama tão singular, inúmeros caminhos se revelam.. como flores desabrochando no campo... poesia urbana na avenida.. pequenas histórias.. cantos ao luar... tragédias, comédias, tangos... momentos... muitos momentos..


...silêncio...


grilos na rua.... vento nos galhos... janela batendo

...começa a chuva lá fora, lavando a alma.. levando embora o que não é mais necessário..

.. vou me deitar para ouvir a sinfonia das gotas e dormir com o cheiro de terra molhada...


Salve a consistente descontinuidade da existência!


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Qual o alcance da razão?


De um imenso e infinito todo, o cérebro compreende uma mínima parte, como os olhos de um astronauta no espaço buscando a macieira no quintal de casa. Todo entendimento humano limitado a um corpo e uma mente, abruptamente separados pela razão, é parcial, assim como toda verdade, toda criação, e toda fração de segundo. O mundo é uma sobreposição constante de instantes em transformação. A consciência é o espectador que tenta ajustar o espetáculo múltiplo e difuso da vida à sua própria capacidade limitada. Algo como tentar colocar o oceano dentro de uma caixa de sapatos. Por sorte, quanto maior for o tamanho da caixa, tanto maior será a capacidade de sentir o mar. Trabalhar na ampliação da caixa implica em partir para uma jornada sem volta rumo a si mesmo. Um percurso no qual o destino final está sempre em movimento, e caminhar é tudo que resta. Felizmente, por maior e mais longa que seja a estrada, a cada pequeno passo (enquanto o passado desaparece e o futuro ainda não existe) renovam-se a fé, a esperança, a confiança, e o amor....


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Confuso, mas confiante


Eu vi a resposta andando por aí

E saí em sua perseguição

Subi montanhas, cruzei rios

Pulei abismos, atravessei pontes

E ela sempre lá na minha frente...


Quando finalmente a alcancei

Percebi que minha pergunta tinha mudado

E que agora a resposta não fazia mais sentido

E nem mesmo poderia ser chamada assim

Sendo apenas mais uma frase solta no ar


...agradeci e segui em frente...



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Shortcuts



Desenvolver o dom
Aceitar a missão
Encontrar a luz
Iluminar a essência
Criar o novo
Recriar o antigo
Transformar a vida
Reformar a mente
Difamar o controle
Navegar pelo infinito
Viver o amor
Aproveitar a paz
Levitar no ar
Compreender o outro
Honrar a terra
Meditar a resposta
Contemplar o mar
Perder o olhar
Respeitar o fogo
Ouvir a vontade
Sonhar e realizar

Ser...
Simplesmente por ser e para ser
Pura e poeticamente,
Quem realmente é...!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Devaneios do 30º equinócio


Hoje, 30 anos de vida...
Início da primavera...

Todo equinócio tem um clima de suspiro
Um respirar fundo sorvendo o aroma das flores
Admirando a transformação da paisagem
Cores e amores de novos tempos se anunciam
Na mudança lenta das estações
Na cadência das paixões
Desvendando novas perspectivas
Garantindo lugar de honra
No espetáculo universal das infinitas possibilidades

Ah como é bela a impermanência..
Tudo é passagem e só de passagem
Vive o homem neste planeta
Tudo é um instante e somente o instante
Liberta a voz da garganta e faz o olhar se perder
Na imensidão de tudo, na certeza de nada
Na busca por dias melhores
Buscando, sonhando, delirando

Tudo pode, nada limita

Expandir

Explodir

Subir

minha alma é um foguete
que me leva além

........
.....
..
.
..
.
..



sábado, 12 de setembro de 2009

pílula de sabedoria




...existem 1000 maneiras de escravizar uma pessoa, e somente uma de libertá-la: incentivá-la a ser si mesma....


sábado, 29 de agosto de 2009

Entre mágicas e abóboras


Sábado de noite, calor, prenúncio da chegada da primavera, do desabrochar das flores. Não há vento, e só um sutil movimento das árvores me faz lembrar que o tempo segue teimando. Entre sair e ficar no sofá, ligo a televisão, passando canais. Em meio a uma imagem e outra surge um filme começando. A curiosidade e o tédio me fazem assisti-lo. É um água com açucar sobre uma menina que tinha 13 anos e, de repente, se vê com 30, descobrindo ter se tornado uma pessoa desprezível. Após idas e vindas, dramas e emoções, tudo acaba bem, o mocinho casa com a mocinha, no melhor estilo conto de fadas holywoodiano. Desligo a tevê, levanto do sofá e vou tomar um banho. Uma sensação diferente e inesperada me acompanha. Nunca me atraí por coisas óbvias, mas há algo mágico na inocência daquele filme, um resgate da pureza, um convite ao sonho, uma lembrança sobre a necessidade de não levar tão a sério a vida, nem a morte. Por trás da aparente simplicidade, há uma mensagem que toca minha alma, uma profunda reflexão em tom de perplexidade. É triste perceber como até a diversão por vezes adquire um caráter de seriedade. O mesmo ímpeto que nos torna pessoas responsáveis, maduras e trabalhadoras mata o deslumbramento sufocado, dissolvendo o ar da graça. Mesmo de pijama no sofá da sala, queremos obras inteligentes, que pulsem, que transformem, que sejam eternas e grandiosas, bem dirigidas e geniais. Sempre fui admirador assumido da alta cultura, do refinamento, do underground, da criatividade, da cria-atividade, e ao mesmo tempo me tornei crítico de tudo aquilo que não se encaixava no meu padrão, rejeitando com veemência a mesmice vestida de pop. Convenhamos, é preciso reaprender a relaxar e rir de si mesmo. Deixar de ser tão sério, soltar os ombros, ser criança, ganhar leveza, perder tempo. Nem tudo precisa ser único, e nem por isso nada deixa de ser único. Enquanto preparo a janta me sinto feliz e contraditório. Em mim, anos de seriedade intelectual duelam contra a beleza inocente de um filme romantico. Que ambos aprendam a conviver harmoniosamente!

Moral da história: não rejeite as coisas pela aparência, a magia pode estar fantasiada de abóbora.



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O constante movimento



A única verdadeira constante é o movimento

Ninguém está realmente parado

Mesmo sentado, a terra segue girando
e quando dormimos, acordamos sonhando

Não adianta querer controlar
Tudo está sempre no seu exato lugar
Desista de lutar, comece a acreditar

Jogue-se nas águas dos rios da vida
Que levam ao mar das infinitas possibilidades
Aproveite a jornada, o vento no rosto, o sol

...permita-se descobrir como é simples ser feliz



terça-feira, 18 de agosto de 2009

Encontros musicais














Cada encontro é um ensaio

Cada frase, uma seqüência de notas

Há um ritmo em cada conversa

Na cadência das palavras

Na pausa do compasso

No olhar, no tom, no sorriso, no som

Afinidade e afinação

Melodia de acordes harmônicos

Dando sonoridade á arte da compreensão

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Saudades da eternidade


No céu escuro e estrelado da noite fria
Escondem-se segredos distantes
Histórias de outros tempos
Memórias confusas do passado

Enquanto sonho acordado
Meu olhar se funde ao vôo da águia
No mergulho aéreo do espírito
Que anseia pelo retorno ao lar

Em meu peito um sentimento flui
Saudades de quem já fui
Na imensidão deste universo sem fim

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desatando-nós


Tem uma frase, não sei de quem, que diz mais ou menos assim: fazer a pergunta certa já é metade da resposta. Parece óbvio, mas é na simplicidade aparente que se escondem algumas das chaves para as portas mais difíceis de se abrir. A natureza é assim, simples, portanto o que é simples é natural, e por ser como é, é em si só, uma expressão da totalidade. O que decorre da prática de buscar as perguntas certas é exatamente a compreensão de que cada efeito sentido em nossa vida, cada momento, cada atitude, é determinada por uma teia de relações, algumas explícitas, outras tantas subjacentes, mas todas em constante mutação. Atuar na conseqüência de um determinado problema é medicar sintomas, tomar uma aspirina sentimental para ficar sedado, enquanto a fonte da dor segue intacta, pulsando lá dentro. Por isso a tarefa auto evolutiva é uma eterna busca, movendo-se rumo ao centro. Imagine-se como uma corda, ela esticada é o funcionamento pleno de nosso potencial. Cada problema que atraímos para nossa vida é como um nó. Muitos deles, verdadeiros nós cegos, com muitas e muitas voltas que fomos atando ao longo do tempo com a ajuda do nosso medo. Para deixar a corda esticada novamente é preciso desatar cada nó, um após o outro, até chegar no nó central (a pergunta certa) para finalmente libertar essa energia presa e reprimida. As vezes isso é feito as custas de muita dor, olhar com os olhos da verdade no espelho da alma nem sempre mostra uma imagem bonita, mas faz parte do caminho. Para chegar longe é preciso dar muitos passos. Longas caminhadas tendem a causar algumas bolhas, mas todas elas eventualmente passam. O maior e mais mágico incentivo é perceber que cada nó desatado libera uma energia que antes estava estagnada, colocando-se à nossa disposição. E essa nova carga energética, agora melhor direcionada, transforma-se em energia criativa, aumentando a capacidade de ser e estar, de criar, de ser forte, e, em última instância, de ser feliz...

Então amigos, desejo que todos nós sigamos caminhando, sempre em busca das perguntas certas...


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Nas entrelinhas do óbvio


Ao dar o último suspiro de um sentimento falido sentiu-se leve
Estava embriagado por uma sensação plena de liberdade
Respirando fundo o sopro da eterna beleza da criação divina
Estava redescobrindo as infinitas possibilidades que agora
Sem a venda nos olhos da alma, podia finalmente perceber
E aquilo tudo que via, era a mais sublime e perfeita poesia
O detalhe da simplicidade, a sutileza da estrela cintilante
A alegria da dança, o poder da graça, o pensamento instigante
O fogo da alma, a luz do olhar, a plenitude do amor

E aqui neste instante, neste sagrado momento presente
Tudo fazia sentido... e mesmo o que não podia ser sentido
Era parte da experiência única de cada amanhecer
E assim, confiante, brilhante, renovou a força de sua fé
Nem a obviedade do nascer do sol ofusca sua beleza
Basta aprender a ver


sábado, 18 de julho de 2009

Três coisas que não voltam

"Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida"

Provérbio Chinês



Portanto temos que ser impecáveis, mas não a impecabilidade social, aquela regida pela moral, mas sim a impecabilidade consigo mesmo, a impecabilidade do guerreiro, como diziam os antigos xamãs. Essa impecabilidade parte do centro do eu, do estar em si mesmo. Porque quem lança a flecha, cedo ou tarde será alvejado; quem pronuncia palavras que não estão no coração, plasma realidades ilusórias e não consegue caminhar a fala; e quem perde oportunidades, está tão longe de si mesmo que, na maioria das vezes, nem as vê passar...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sabedoria do urso

O mundo as vezes é um lugar estranho, diferente
Olho para as coisas e as vejo longe de mim
Lá fora o tempo e as pessoas passam
As engrenagens sociais continuam a girar
Mas aqui dentro o relógio é outro
São ciclos e voltas, círculos e fases
O tempo da natureza não é linear
Não segue em uma só direção

Para alçar os vôos mais altos
As vezes é necessário cair
Visitar as profundezas do inconsciente
Para então poder voltar com mais força

Como a montanha russa
Que pega embalo para a subida
Enquanto desce veloz e decidida

Como o grande urso
Que se retira na caverna durante o inverno
Buscando forças dentro de si mesmo
Para renascer para a beleza da vida
No florescer colorido da primavera

Quem espera sempre alcança!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Jung, o bruxo

Ultimamente a inspiração em mim tem se direcionado para longe do reino das palavras. Meus pensamentos constróem belos textos e metáforas. Meus sonhos me mostram poderosas imagens. Minha visão me permite enxergar coisas que antes não existiam. Entretanto, a teia de energia do mundo das idéias não tem se manifestado na arte da construção material, na expressão da palavra.

Enquanto isso, as leituras seguem se somando, criando interessantes redes de conhecimento... abaixo reproduzo um trecho de um livro do Jung chamado "Arquétipos e inconsciente coletivo". Neste texto ele fala de uma maneira lírica, profunda e bela sobre a busca do auto conhecimento, a amizade e o encontro com a própria sombra e a necessidade de explorar outras realidades para vencer certos obstáculos. Jung com certeza era um grande bruxo e deixou um legado que começo a descobrir deslumbrado...

“Verdadeiramente, aquele que olha o espelho da água vê em primeiro lugar sua própria imagem. Quem caminha em direção a si mesmo corre o risco do encontro consigo mesmo. O espelho não lisonjeia, mostrando fiel­mente o que quer que nele se olhe; ou seja, aquela face que nunca mostra­mos ao mundo, porque a encobrimos com Ά persona, a máscara do ator. Mas o espelho está por detrás da máscara e mostra a face verdadeira.

Esta é a primeira prova de coragem no caminho interior, uma prova que basta para afugentar a maioria, pois o encontro consigo mesmo per­tence às coisas desagradáveis que evitamos, enquanto pudermos projetar o negativo à nossa volta. Se formos capazes de ver nossa própria sombra, e suportá-la, sabendo que existe, só teríamos resolvido uma pequena par­te do problema. Teríamos, pelo menos, trazido à tona o inconsciente pes­soal. A sombra, porém, é uma parte viva da personalidade e por isso quer comparecer de alguma forma. Não é possível anulá-la argumentando, ou torná-la inofensiva através da racionalização. Este problema é extrema­mente difícil, pois não desafia apenas o homem total, mas também o ad­verte acerca do seu desamparo e impotência. As naturezas fortes - ou de­veríamos chamá-la fracas? - tal alusão não é agradável. Preferem in­ventar o mundo heróico, além do bem e do mal, e cortam o nó górdio em vez de desatá-lo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, as contas terão que ser acertadas. Temos porém que reconhecer: há problemas simplesmente insolúveis por nossos próprios meios. Admiti-lo tem a vantagem de tor­nar-nos verdadeiramente honestos e autênticos. Assim se coloca a base para uma reação compensatória do inconsciente coletivo; em outras pala­vras, tendemos a dar ouvidos a uma idéia auxiliadora, ou a perceber pensa­mentos cuja manifestação não permitíamos antes. Talvez prestemos aten­ção a sonhos que ocorrem em tais momentos, ou pensemos acerca de acon­tecimentos ocorridos no mesmo período. Se tivermos tal atitude, forças auxiliadoras adormecidas na nossa natureza mais profunda poderão des­pertar e vir em nosso auxílio, pois o desamparo e a fraqueza são vivência eterna e eterna questão da humanidade. Há também uma eterna resposta a tal questão, senão o homem teria sucumbido há muito tempo. Depois de fazermos todo o possível resta somente o recurso de fazer aquilo que se fa­ria se soubéssemos o quê. Mas em que medida o homem se conhece a si mesmo? Bem pouco, como a experiência revela. Assim sendo, resta mui­to espaço para o inconsciente. Como se sabe, a oração exige uma atitude semelhante. Por isso tem um efeito correspondente.

A reação necessária e da qual o inconsciente coletivo precisa se ex­pressa através de representações formadas arquetipicamente. O encontro consigo mesmo significa, antes de mais nada, o encontro com a própria sombra. A sombra é. no entanto, um desfiladeiro. um portal estreito cuja dolorosa exigüidade não poupa quem quer que desça ao poço profundo. Mas para sabermos quem somos, temos de conhecer-nos a nós mesmos, porque o que se segue à morte é de uma amplitude ilimitada, cheia de in­certezas inauditas, aparentemente sem dentro nem fora, sem em cima, nem embaixo, sem um aqui ou um lá, sem meu nem teu, sem bem, nem mal. É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde co­meça o reino do "simpático" da alma de todo ser vivo, onde sou inseparavelmente isto e aquilo, onde vivencio o outro em mim, e o outro que não sou, me vivência.”

sábado, 4 de julho de 2009

Aceitar e agradecer


Assim que o sol entrou pela janela do quarto fui tomado por um sentimento profundo de gratidão pela vida. Agradecer é um ato abençoado. Agradecer por todas as alegrias e realizações, mas também agradecer por todas as chagas e feridas. São elas as alavancas que nos trazem à consciência nossas necessidades evolutivas. Sem as noites escuras da alma alguns grandes passos teriam sido evitados. Quem escolhe mudar e aceita a dor como outra face da moeda da felicidade, encontra nas sombras um grande aliado, revelando o poder contido no espelho. Dentro desta perspectiva, tudo que acontece a nossa volta é apenas um reflexo daquilo que projetamos no universo. Nada se cria, tudo se transforma.

Somos todos seres perfeitos em essência. Somos todos parte do uno que teceu a teia deste planeta. Carregamos dentro do peito o holograma que contém a presença divina, o fogo da criação, o código do éter - nos resta reaprender a acessá-los.



quinta-feira, 25 de junho de 2009

Torna-te quem tu és


Tornar-te quem tu és implica em uma escolha e um comprometimento. Trata-se do encontro entre o ser e sua essência divina. O autoconhecimento é o caminho pelo qual podemos assumir nosso papel na evolução do coletivo, construindo aqui nesse plano um padrão mais alto de energia, e traduzindo a sabedoria do universo nos atos cotidianos. Somos todos co-criadores ilimitados e responsáveis por aquilo que fazemos de nossas vidas.

Quem é você? Torna-te quem tu és, liberta-te das amarras e da dualidade através da fé e da busca pelo encontro pleno consigo mesmo.



domingo, 21 de junho de 2009

Em uma noite de domingo


Uma música cubana

Um pensamento distante

Um instante, um só instante


Os olhos marejados

A boca entreaberta

O som do passado

O peito calado


Melancolia de domingo

Acorda sonhando

Amanhece sorrindo

E dorme sentindo


terça-feira, 16 de junho de 2009

Caleidoscópio


a estrada movimenta os pensamentos
deslocando pontos de vista
arejando conceitos
renovando vontades

o terreno plano
o horizonte baixo
aumentam o céu à disposição do olhar
fundindo o ser e a paisagem
ar e matéria, dúvidas e certezas
holograma de possibilidades
caleidoscópio confuso
de perspectivas mutantes

sou apenas um observador
perdido na imensidão
na eterna interrogação
de uma mente imaginativa
que vive a confundir
sonho e realidade

terça-feira, 9 de junho de 2009

Simples virtudes

O frio entra pela janela. O barulho da lenha queimando e o leve cheiro de fumaça tomam conta do ambiente. Lá fora a luz fraca do dia cinza anuncia a proximidade de mais um inverno. Na caneca esfumaçada, a água lentamente se transforma em chá. Sentado na poltrona de balanço ele sorri. Gosta de vivenciar as mudanças da natureza e seus ciclos do quatro, quatro elementos, quatro estações, quatro direções. Aprendeu a respeitar a força da transformação e assim parou de se espantar com os novos ciclos que se apresentam, deixando a vida fluir no seu ritmo, na batida dos tambores da terra, nas diferentes cores do céu, na distância do sol e nas variadas temperaturas do ar. O homem é apenas mais uma peça no tabuleiro do infinito. Não existe controle, existe muita ilusão. Não existe começo, não existe meio, não existe fim. Todo universo está contido em um único momento, o eterno presente. Para ser feliz basta cultivar simples virtudes: humildade para apreciar o milagre da vida, fé para seguir firme no propósito e paciência no caminho. Conceitos poderosos...

...achou engraçado. Abriu um sorriso olhando a janela embaçada. Ele sabia que todo pensamento evolutivo não passava de uma gota no oceano da experiência e da vivência. Se espreguiçou, levantou da confortável cadeira e foi cozinhar.

Teorize menos e viva mais !

terça-feira, 2 de junho de 2009

Concrete Jungle


No vídeo abaixo uma bela versão da CéU para a clássica Concrete Jungle do Bob Marley, fazendo jus a grandeza do som... Bob escreveu essa canção no começo dos anos 70 enquanto estava morando em Londres com os Wailers tentando fechar um contrato para gravar seu primeiro disco em uma grande gravadora...

A letra cai como uma luva em certos dias cinzas e gelados de inverno.. naqueles em que até a alma se esconde do frio... quieta e abafada... apreciem a beleza do som e das imagens...


domingo, 31 de maio de 2009

Carta do chefe Seattle

Resposta do cacique Seattle ao presidente americano F. Pierce que tentava comprar as suas terras. Um exemplo de consciência holistíca e ecológica e uma amostra da sabedoria de nossos ancestrais indígenas.


"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore o homem, todos compartilham o mesmo ar. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao (seu próprio) mau cheiro. (...)

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos

O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma solidão de espirito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer a terra acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu a teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente iluminados pela força de Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densas impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los.

Cada pedaço de terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de pinheiro, cada punhado de areia das praias , a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho...

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhe vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhe vendermos nossa terra vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem, dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para traz os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa...Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

sábado, 30 de maio de 2009

Na altitude

Hoje vivo intensamente sensações aleatórias...

Viajando por dimensões cósmicas do além-mundo
Soltei as amarras que se insinuavam em minha volta
As mesmas que prendem ao estigma do cotidiano
Homens sem vontade... corpos sem coragem

Ignição... partida!

Aprendi a exercer a potência de minhas sinapses
No máximo oculto da intensidade de minha alma
Que se movimenta e se expande
Quando vivencio uma nova realidade
Além dos sentidos...

As variações do mesmo tema são infindáveis
Desdobram-se umas sobre as outras no vácuo da existência
Elevando e sublimando minha consciência...

No torpor da altitude enxergo com clareza
Vejo com os olhos de minha plenitude...
Aqueles que desconhecem as formas
Mas percebem os conteúdos


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sobre o tempo

Com um copo de água na mão, parado na cozinha, olhando o céu nublado pela janela, se pôs a pensar. Tinha desenvolvido o hábito de abandonar o corpo parado em um certo lugar, enquanto colocava os pensamentos a caminhar. Também gostava de pensar caminhando, ou de pensar com os pés, como haviam lhe dito certa vez. O mais importante não era o meio, mas sim a distância e a profundidade da viagem. E nestes constantes deslocamentos de nexo e espaço, acabou criando afinidade especial com alguns devaneios que particularmente lhe agradavam. Eles eram de um tipo capaz de desafiar o senso de realidade. Um de seus temas prediletos era o tempo. Em longas conversas ébrias já havia divagado sobre sua inexistência, defendendo o conceito de que a organização do tempo, o relógio, o sistema de horas, minutos e segundos, não passava de uma convenção criada pelo homem, e para o homem. Nesse ponto defendia a relatividade absoluta de toda percepção. Afinal, como certos dias passam mais rápidos que outros? Como minutos levam semanas, e como semanas passam em um punhado de dias? Eram argumentos falíveis, porém aceitáveis, centrados em nossa limitação perceptiva (ou seria em nossa desprezada supercapacidade perceptiva) de internalizar o horário (ou de perceber muito além dele). Isso, dizia ele convicto, não nos pertence. Não existe. Não faz parte da natureza. Natural é ser, estar e permanecer, sabendo que cada pequeno momento carrega em si um grande poder, o milagre da existência.


terça-feira, 19 de maio de 2009

Lugar de ser feliz não é supermercado

O dia é quente. Do asfalto sobe um vapor denso que parece sólido. Parado na esquina ele acompanha o movimento com os olhos. Carros, pessoas, buzinas, policiais, ônibus, pizzas e auto-falantes... cotidiano puro e cristalino. Ele se sente entediado... não sabe bem por que esse vazio o consome... decide então se movimentar... caminha por alamedas, ruas tortuosas, passeios públicos.... casas caindo na calçada, uma mansão, uma visão, outra vida, observação... cachorros, postes, uma aglomeração... semáforo, esquinas, faixa de pedestres, vento quente e uma divagação... fim da calçada... chega na beira do rio... senta em uma pedra, a mais alta que ele consegue encontrar. Olha o horizonte: um pássaro, um lixo que bóia, uma vela, margem e correnteza, uma fortaleza. Por uns minutos esquece da confusão se perdendo no emaranhado de sua própria memória. Lembra do tempo em que as coisas eram feitas para durar... da época em que tudo parecia ser mais simples, menos tumulto, menos agressão, menos excesso. Então subitamente acordado da viagem mental, volta a encarar a realidade suja e abafada da quarta-feira de verão na cidade. Inicia uma busca, uma caçada pela culpa dentro de si mesmo. Onde no caminho teria ele perdido a trilha que leva à felicidade? Por mais longa que fosse a conexão de seus pensamentos não conseguia encontrar coisa alguma que fizesse sentido. Ele tinha um bom emprego, dinheiro não faltava, tinha uma família, carinho, atenção, admiração, sucesso, respeito e acima de tudo vida... sim... por mais esvaziado que estivesse sabia estar vivo e isso representava toda a esperança que nutria nesse momento. Quantos não dariam tudo para ser ele? Quantos não tinham uma inveja visceral de sua condição? Não, não, não... estaria ficando louco? O que seria então a loucura? Rejeitava completamente a possibilidade de que naquele dia, naquele momento, houvesse uma saída para sua agonia... tinha lutado por toda sua vida para alcançar status... para ascender, subir, atingir o ápice... e agora o alpinismo social tinha feito dele uma marionete... sim... sim... sim... alpinismo social que tirou o oxigênio de sua alma como ocorre com os montanhistas nas grandes altitudes... todos os seus atos regidos por uma demoníaca ambição alimentavam seu ceticismo frente à metafísica... sua descrença no ser humano... sua ausência de valores... então de repente ele pára... fica imóvel... nem as idéias passam... olha no relógio cabisbaixo, é hora de ir ao supermercado... hora de voltar a ser um ser qualquer... mas ele não tem vontade... preferia continuar indiferente, mas dirige seu carro pelas ruas movido pela energia da inércia... de novo passa por avenidas, esquinas, futebol, telenovela na vitrine, pessoas apressadas, pessoas exageradas... chegando no templo do consumo ele pega um carrinho e inicia a jornada pela terra das marcas... primeiro corredor: queijo, presunto, uma fila, pão, salsichas e calabresa... segunda corredor: massa, queijo ralado, molho de tomate, milho, ervilha, uma lata cai no chão, aspargos (ele adora aspargos)... terceiro corredor: suco, refrigerantes, cervejas e uma garrafa de vodca... quarto corredor: escova de dente, pasta de dente, escolhe o desodorante, o shampoo está acabando, fio dental, rolo de papel higiênico... se sente cansado... chateado... agoniado... caminha até a fruteira e compra ovos, alface, tomate, cebola, batata, couve-flor... queria rabanete, mas acaba levando quiabo... chegando no açougue escolhe o bife, o frango, pede guisado, espera olhando para a parede descascada... queria tanto saber voar, saber separar o corpo da alma para levitar por campos de flores amarelas e vermelhas na infinitude de seu paraíso pessoal... lentamente se arrasta até o caixa... já não se sente tão mal, agora está pior... seus olhos piscam freneticamente, sua boca se contrai espontaneamente... ele pode sentir a pressão da tensão que quase arrebenta seus músculos rígidos... em sua cabeça uma dor... em sua testa uma tonelada de preocupações... a última compra... passa pelo caixa que diz o valor... tira seu cartão de crédito do bolso com as mãos trêmulas e estende para o atendente... assina o comprovante, guarda a nota... vai até o carro... abre o porta-malas... joga as sacolas... um fluxo de energia vindo do umbigo sobe até os cabelos... ele bate a porta... esmurra o volante... sente sua apatia se transformar em raiva... liga o carro, sai da garagem e olha o relógio... é hora de buscar a mulher e os filhos... é hora de ser o bom marido novamente... de representar o papel mais conhecido de sua pífia vida... dobra uma esquina... sinal vermelho... ele pára... ele escuta... ele pensa... longe ouve gritos... ouve uma buzina... o sinal abriu e ele não viu.... arranca, corre, acelera... quer atingir a velocidade de escape... sim... velocidade de escape... em sua mente essa última palavra brilha intensamente... como se acendesse uma luz na escuridão de uma caverna: ESCAPE! E então ele vira à direita... e outra direita... está na estrada... se distanciando... se distanciando... passa uma hora e ele continua dirigindo... o celular toca... ele olha... é sua esposa... num movimento arremessa o aparelho pela janela... se sente mais leve... mais calmo... abre os olhos... levanta a cabeça... estufa o peito... se sente em controle... expandindo... crescendo... na beira da estrada um menino sentado... ele pára... quer fazer algo por alguém... abre o porta-malas... tira as compras e deixa do lado do garoto... entra no carro correndo e rindo... um riso histérico lisérgico... uma leveza transcendental... dirige mais um pouco... encosta o carro na beira da lagoa... coloca o ponto morto ... sai do carro e empurra, empurra, empurra... assiste o carro afundando lentamente... lentamente... lentamente... e ri... ri tão alto que cansa... o sol está se pondo... pela primeira vez nos últimos tempos está alegre... tranqüilo... quieto... completo... caminha sem direção... lembra do gato de Alice: tanto faz o caminho para quem não sabe aonde quer chegar... uma última risada... um último suspiro... e ele entra noite adentro destemido... indo para algum lugar onde se possa ser feliz...(o que quer que isso signifique)...


Escrito em Janeiro de 2005 - reencontrado após anos perdido

sábado, 9 de maio de 2009

Confúcio


"Não viveu em vão aquele que morre no dia em que descobre o caminho."

Confúcio


quarta-feira, 6 de maio de 2009

O último ensinamento



Baseado em uma bela história contada por um buscador xamânico.









Era um índio de espírito forte, homem sábio, de poucas e sinceras palavras certeiras. Seu olhar de águia tinha um brilho de estrela em noite sem lua. Costumava fitar o horizonte, além, como se enxergasse mais do que os olhos vêem. Tinha uma integridade, uma certa postura frente à vida, um jeito de se movimentar, que inspirava confiança e força. Sabia falar bem, mas sabia calar melhor, costumava dizer que o homem tem dois ouvidos e uma boca não por mero acaso. Aliás sempre lembrava a todos que o acaso era um disfarce do grande mistério (conhecido por nós como Deus) para atingir o coração dos sem fé. Este homem era respeitado por todos pela simples energia vibrante de sua presença. Era um sujeito sério e sorridente, alegre e livre, leve mas imponente, e tinha uma vontade que nada poderia parar. Era um xamã, um filho do trovão com o vento, sobrinho do mar, primo do sol, irmão da terra, amigo intímo dos animais e das árvores, e amante da lua. Um buscador e sonhador, um guerreiro e visionário que percebia todos os sinais do universo em sua volta, os transformando em conhecimento.

Certa vez, já cansado e com a idade avançada, deitou-se em sua cama pronto para a última jornada. Era chegada a hora de partir para estrada azul do espírito através do portal do leste (local onde a estrada vermelha - nossa caminhada na terra - começa e termina). A notícia logo se espalhou, e em pouco tempo seus admiradores e discípulos juntaram-se em sua volta para honrar o mestre pela última vez, todos muito emocionados. Nervoso e triste, um dos rapazes mais velhos se dirigiu a ele pedindo uma última mensagem de sabedoria, algumas últimas palavras para eles levarem consigo. O velho índio o olhou nos olhos e pediu um favor, gostaria de comer um pedaço de sua torta predileta, a que ele mais gostava, antes de proferir o tal ensinamento final. Alguns saíram e foram providenciar a torta, logo trazendo um belo pedaço para o velho Xamã, que saboreou cada garfada com uma expressão sincera de agradecimento. Enquanto a torta ia acabando, as pessoas na sala se enchiam de expectativa sobre a grande mensagem que viria a seguir. E então, quando chegou o momento do último pedaço, todos se curvaram para ouvir melhor. Fez-se o silêncio do vazio na sala, todos olhando para o mestre que apenas sorriu, dando um longo e grande suspiro de prazer antes de fechar os olhos e partir.


terça-feira, 5 de maio de 2009

Arte é vida


São muitas idéias que pairam me circulando, voando em minha volta, visitando meu espaço. As vezes uma cai em meu colo, eu a observo, ela me olha, pinta um clima, eu levanto e começo a escrever. Os dedos se movem, os olhos fixos, materializando letras em uma tela branca, no processo criativo que libera energia, honrando a fonte de toda a beleza ainda pura, a arte singela da expressão, do "dar vida" aos pensamentos e intuições.

A arte é uma lingüagem avançada, pois permite uma liberdade de espírito admirável, alçar vôos da imaginação, conectar com a força motriz da criação. Vejo os artistas, e neles vejo pessoas especiais, que conseguiram unir o conteúdo de suas idéias com sua profissão, sua forma de viver e sobreviver. Qual o limite entre o artista criador e o artista vivente que observa o mundo a girar através de sua retina, buscando inspiração em cada passo sobre a mãe terra? Acho incrível a capacidade que algumas obras do homem têm em causar alterações, transformações, questionamentos, despertar emoções ao clique de um teclado, na ponta de um pincel, no ferro retorcido, na forma, na dança, no som, na cor, na dor que se move, no amor que tudo pode... infinita beleza.. um pequeno pedaço do universo disponível para todos que sabem contemplar.

VIVA TODA FORMA DE ARTE! DESCUBRA O ARTISTA DENTRO DE VOCÊ!

! ARTE É VIDA !