terça-feira, 31 de março de 2009
O acaso é outro nome para Deus
quinta-feira, 26 de março de 2009
A metáfora da janela para o infinito
terça-feira, 24 de março de 2009
A música sou eu ... ou eu sou a músicA
Música sempre em frente!
Sons em harmonia
Estimulando intuições
Desenvolvendo pensamentos
Revivendo momentos
Conectando sentimentos
Unindo percepções
Em transe coletiva
O som está na natureza
Expressão fundamental do ser
Sequência mágica de notas
Processo etéreo de criatividade
Elevação do espírito
Sublime êxtase dos sentidos
Com os olhos fechados
Com a mente aberta
Ouvindo apenas a melodia
Vejo a música se fundindo
Vejo a música se confundindo
A música sou eu...
Ou eu sou a música?
sábado, 21 de março de 2009
O que você faria se hoje fosse seu último dia?
Este é outro texto mais antigo.. escrito em algum dia perdido no ano de 2005... gosto muito dele.. tem ritmo..
O que você faria se hoje fosse seu último dia?
Abriu os olhos ainda deitado na cama e ficou a meditar. De alguma forma sabia que finalmente havia chegado a hora de seu fim. Por toda sua vida havia se concentrado em ser alguém íntegro, único, completo e vacilava nos momentos de decisão. Hoje seria diferente, pensava ele, só hoje, amanhã não mais existirá. Todos têm em algum momento de suas existências um encontro inevitável com o desconhecido. Aquele instante que dissolve todas as diferenças expondo o ser humano a sua fragilidade carnal, a sua insignificância mundana, a realidade orgânica por trás dos ornamentos materiais. Todos sem exceção, independente de classe, cor ou crença, enfrentam a provação do ritual de passagem que é a única coisa certa em meio a tantas convicções que se acabam como castelos de areia à beira mar. Ele imaginava de que cor seria o final de tudo... Achava que para muitos a lembrança deveria ser o devastador e onipresente preto, mas não para ele... Ele via o branco, branco como tudo aquilo que não pode ser descrito. Preferia assim, a claridade era bem mais confortável, bem mais cheia de sentido que o peso da escuridão eterna. Uma rajada de vento interrompeu suas divagações. A natureza avisava que uma chuva estava próxima. Lentamente levantou e se vestiu, não tinha pressa, não existe tempo nem caminho certo para quem não sabe onde vai. Tanto faz! Essa incerteza soava como uma poesia para seus ouvidos. A brisa, a dúvida, o momento, o fim: tanto fez, tanto faz! Fechou as janelas, fechou o roupeiro, fechou a porta da frente, estava na rua. Olhava incrédulo para as nuvens no céu. Nunca antes havia percebido tantas cores em um dia cinzento, afinal, pensava ele, no fim de tudo as cores estão nos olhos de quem vê, assim como a beleza. Caminhou até a beira da praia. Era de uma vasta imensidão sua alma. Respirava fundo e quando inspirava tinha a nítida sensação de que o universo inteiro entrava por suas narinas se espalhando por todos seus poros. Era uma energia forte que pendia sua cabeça para trás em um gesto de êxtase pleno. Fechava os olhos para enxergar melhor com a alma. Queria ver mais e mais longe onde fica algo próximo do que todos insistem tanto em chamar de verdade. Viu claramente que a única verdade é ser feliz... ah sim... deveria existir uma única palavra para os dois termos... verdade = felicidade... uma equação tão próxima e tão distante dos que ainda tem a vida inteira pela frente para se complicar. Dias antes, planejando esse momento, lhe ocorreu uma dúvida reticente: sentia que em seu derradeiro existir deveria buscar seu amor mais profundo para dizer adeus. Decidiu que seria apenas uma pessoa, pois não teria tempo para mais do que isso. Ele ia e voltava andando em círculos tentando responder essa pergunta: quem seria seu verdadeiro amor? Mulheres inesquecíveis haviam passado por sua vida, lembrava de sua família e sentia seu coração apertar... Não seria justo fazer tal escolha, acabou desistindo... ah mas naquele dia, o dia D, naquele instante, parado à beira mar sob a linha cinza do céu, teve a certeza de estar no lugar certo. Somente ali, diante da vasta imensidão oceânica poderia abraçar a todos que quisesse ao mesmo tempo com toda sua força. Suspirava...ergueu as mãos aos céus... um arrepio em sua pele... o barulho das ondas, o vento em seus cabelos e a ampla solidão calma da água sem fim... se emocionou... estava pulsando...podia ouvir em seu peito a batida de mil tambores ecoando na tarde de outono... caminhou até próximo do mar... agradecia por tudo que a vida havia lhe proporcionado, amigos, amores, viagens, conversas, conhecimento, experiência... tantas coisas... turbilhão... em sua mente um filme acelerado rodava sem parar... rostos, lugares, sorrisos, alegrias... também lembrava das mágoas, mas preferia fingir que essas não existiam... chorava uma cachoeira... entrou na água gelada... suas lágrimas de misturaram com o mar e as duas se confundiram... ambas salgadas, poderosas e cheias de significado... mãos ao céu, um grito mudo em sua garganta. Era um momento único onde sentia-se mais próximo do que nunca do segredo da criação, do âmago da terra, da essência. Virou de costas, seguiu de volta para casa e foi logo dormir. Deitado na cama meditando teve a certeza de que sua passagem seria tranqüila, como aquele dia havia sido. Tudo tem seu tempo, inclusive as pessoas, e o seu havia chegado. Fechou os olhos pela última vez na terra para abri-los tão somente na leveza da eternidade.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Ressonância
quarta-feira, 18 de março de 2009
A Trilha da Imperfeição
Esse texto foi escrito em algum dia longíquo de anos que se passaram.. 2004, 2005, meia década atrás... como o tempo não existe, cada vez que eu o leio vejo seus sentidos renovados..
A Trilha da Imperfeição
As deixar de lado as certezas absolutas sentiu uma leveza incomum
Não saboreava mais o gosto amargo da melancolia em sua boca
Não tinha mais o peso maciço da cobrança em suas costas
Compreendeu naquele momento impar
Que a disparidade é de uma beleza rara
E que a igualdade não é um sonho, mas sim uma prisão
Mais calmo caminhava pela rua escura
Quando olhando para o nada enxergou um movimento
Era sua alma que passeava pelo parque
Alegre e viva flutuando sobre o mar revolto
De ondas de culpas e negativismos humanos
Ao ver tão singela cena parou...
Por instantes temeu por sua sanidade
Não poderia ser tão simples...
Por toda sua vida sofreu...
Sofreu por si... sofreu pelos outros
Pelo amor, pela saudade, pela morte...
Por tantas coisas que nem lembrava mais
E agora que estava desapegado de tudo
Cabeça erguida ao céu estrelado
Uma lágrima corria em seu rosto
Não era mais uma dor...
Nem outra forma de lamento...
Era a última gota de um sentimento negro
Que deixava de existir frente à luz
Incandescente da existência plena
Daqueles que aceitam a trilha da imperfeição
Como única rota de fuga da obsessão doente
Que é ser de tudo um pouco, ou ser de tudo um muito...
Tudo menos si mesmo
Paulo Abdala (2004/2005)
terça-feira, 17 de março de 2009
EU SOU
Registro aqui um belo poema do meu grande amigo Antônio Burlamaque, também conhecido por isleiter, baita músico e poeta, entre outras coisas mais...
EU SOU
EU SOU a afeição, o afeto, o afago, o fato, o carinho em ato
a vontade de viver a vida intensamente, mas para o bem.
EU SOU aquilo de mais lindo que mora no teu peito
a ternura, o respeito, o amor, a vontade de amar,
a paixão pela vida repleta daquilo que é bom pra todos.
EU SOU o calor brando, o frio que refresca, o vento do voô
e a água que submerge tudo no estado de graça da compaixão.
EU SOU a luz, o sol, o céu, o são, o sal, a terra,
o ar, o mar, a lua, a rua que é a tua morada nua
do divino que encontra o que é divino dentro de ti.
EU SOU o fruto da fruta da flor da planta que planta em ti
a semente da árvore que eleva o que é pequeno
e supera o que é mesquinho. É!
EU SOU a união, a força, a alegria, a fé do poder fazer trazer
entre o raso e o profundo um mundo mais justo.
EU SOU o mineral, o vegetal, o animal,
o romantismo do elástico do espiral
antes e depois do mundo se tornar de plástico.
EU SOU a voz, a vocação, a vontade veloz e feroz
pelo amor sempre interminável da verdade pura
que a tua alma almeja.
EU SOU a honestidade, a lealdade, a responsabilidade
a amizade solidária da atitude otimista e constante
presente em cada instante
que nos permite confiar uns nos outros.
EU SOU o olho que olha no olho e enxerga a alma
que se mostra essencialmente sagrada
simplesmente porque existe.
sábado, 14 de março de 2009
O tio da garagem
quarta-feira, 11 de março de 2009
Caminante no hay camino
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.
Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
terça-feira, 10 de março de 2009
Pensamento sem rumo
Sentado na sala com os olhos distantes observava o movimento veloz das nuvens... enxergava possibilidades pela janela.. frações do todo.. sonhos.. desejos... imaginação.. mais uma vez lá estava ele voando pelo mundo das idéias... etéreo... aéreo...como a lua cheia que vibrava com uma auréola de energia em sua volta, uma luz que lhe lembrava de algo que ele havia esquecido mas continuava sem saber o que era... nem se isso realmente importava... era um tempo, como tantos outros tempos que passaram.. todos iguais, todos diferentes...e o que determinava agora ver a mesma paisagem, sentado na mesma cadeira, através do mesmo vidro , de um jeito que poucas vezes havia presenciado, era seu estado de espírito.. hoje ele enxergava mais longe.. além do bairro, além das fronteiras, além dos limites... tinha a imensidão dentro de si.. um sentimento dentro do peito.. uma vontade que ele já conhecia.. era a mudança, sua velha conhecida, chamando mais uma vez.. fazendo cada célula de seu corpo pulsar.. sonhando acordado.. pensamento sem rumo.. desatino sem destino... solto no espaço.. na beleza única do caos.. da falta de causalidade... do vazio que preenche... do todo que se esvazia...do céu além do véu de maia...cada vez mais longe... mais complexo e mais incerto, ele voa... voa... voa... voa.. . . .... mas volta, de volta para a sala, a mesma sala.... ao olhar para frente percebe a si mesmo no reflexo do vidro e deixa escapar um pequeno sorriso pelo canto da boca.. a verdade é que ele era um bom amigo do talvez... e para ele, estes momentos de indefinição, quando a alma quer falar e a mente ainda não consegue entender o que ela diz, tinham uma certa mágica... uma excitação escondida por trás do movimento eminente... fazia tempo que não era tomado por esse sentimento, um sentimento que o visitava de vez em quando para lembrá-lo de manter-se alerta, de deixar a porta aberta... afinal ele ainda tinha uma missão a cumprir por aqui, só não sabia ainda exatamente qual......... agora sim, o sorriso do canto da boca tomava conta de toda sua alma... se recostou, relaxou na cadeira.. tinha fé que toda inquietação era na verdade um sopro de vida indicando qual caminho seguir... era só questão de tempo e paciência...