quarta-feira, 18 de março de 2009

A Trilha da Imperfeição

Esse texto foi escrito em algum dia longíquo de anos que se passaram.. 2004, 2005, meia década atrás... como o tempo não existe, cada vez que eu o leio vejo seus sentidos renovados..


A Trilha da Imperfeição

As deixar de lado as certezas absolutas sentiu uma leveza incomum
Não saboreava mais o gosto amargo da melancolia em sua boca
Não tinha mais o peso maciço da cobrança em suas costas
Compreendeu naquele momento impar
Que a disparidade é de uma beleza rara
E que a igualdade não é um sonho, mas sim uma prisão

Mais calmo caminhava pela rua escura
Quando olhando para o nada enxergou um movimento
Era sua alma que passeava pelo parque
Alegre e viva flutuando sobre o mar revolto
De ondas de culpas e negativismos humanos
Ao ver tão singela cena parou...
Por instantes temeu por sua sanidade
Não poderia ser tão simples...
Por toda sua vida sofreu...
Sofreu por si... sofreu pelos outros
Pelo amor, pela saudade, pela morte...
Por tantas coisas que nem lembrava mais
E agora que estava desapegado de tudo
Cabeça erguida ao céu estrelado
Uma lágrima corria em seu rosto
Não era mais uma dor...
Nem outra forma de lamento...
Era a última gota de um sentimento negro
Que deixava de existir frente à luz
Incandescente da existência plena
Daqueles que aceitam a trilha da imperfeição
Como única rota de fuga da obsessão doente
Que é ser de tudo um pouco, ou ser de tudo um muito...
Tudo menos si mesmo

Paulo Abdala (2004/2005)


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