terça-feira, 31 de março de 2009

O acaso é outro nome para Deus

Enquanto voltava para casa de mais uma noite de trabalho acompanhado por um colega, dirigia pelas estradas escuras de uma segunda-feira do outono que se anunciava. Os dois conversavam sobre a vida, outras vidas, suas vidas. De repente, no silêncio de uma pausa para pensar, seu amigo disse: "o acaso é outro nome para Deus", causando algumas risadas entusiasmadas e logo adiante descendo do carro para se perder noite afora em seu caminho. Minutos depois, enquanto seguia cruzando as ruas da cidade sozinho, admirando a lua nova em forma de sorriso, a tal da frase ainda ecoava nele. Percebeu que o rádio estava desligado, sua mente voava, seus olhos estavam distantes, e no canto da boca um sorriso discreto o acompanhava. Então, se a força do acaso era a força divina, Deus tinha sido muito caprichoso, tinha planejado um jeito espetacular de intervir sem mostrar seu rosto, evitando toda a perda de tempo da velha discussão cética sobre a verdade de sua existência. Ele estava presente em tudo, na árvore, no cachorro, na água, na lua, no sol, nas pessoas, mas também nas teias invisíveis que regem nossas relações, nos impulsos que nos movimentam, nos beijos, nos acontecimentos, nos encontros e nos desencontros. E era exatamente essa força, essa energia tão bela, o movimento mais pleno da força divina, e ao mesmo tempo a mais simples de suas manifestações, fantasiada de inocente acaso. Deus é mesmo um gênio...

 

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